sábado, 8 de maio de 2010

VIVIEN LEIGH (1913-1967)


Vivien Leigh, Lady Olivier (nascida Vivian Mary Hartley; Darjeeling, 5 de novembro de 1913 — Londres, 7 de julho de 1967), foi uma famosa atriz e lady inglesa nascida na Índia (quando este país ainda pertencia ao Império Britânico), considerada uma das mais belas e importantes personalidades do século XX, presente na lista feita pelo AFI das 50 maiores lendas do cinema.

Apesar de suas aparições no cinema terem sido relativamente poucas, Viv venceu o Oscar de Melhor Atriz duas vezes. A primeira vez foi interpretando Scarlett O'Hara em E o Vento Levou (1939), e a segunda foi interpretando Blanche DuBois em Uma Rua chamada Pecado (1951) (a mesma personagem que ela interpretara nos palcos da West End, em Londres).

Vivien frequentemente fazia colaborações com seu marido, Laurence Olivier, que dirigiu-a em vários de seus filmes. Durante mais de trinta anos como atriz de teatro, ela se mostrou bastante versátil, interpretando desde heroínas das comédias de Noel Coward e George Bernard Shaw às personagens dos dramas clássicos de Shakespeare.

Aclamada por sua beleza, ela sentia que isso às vezes atrapalhava o público de vê-la como uma atriz séria. Afetada por um distúrbio bipolar durante a maior parte de sua vida adulta, o humor de Viv era quase sempre não-entendido pelos diretores, e ela ganhou a reputação de ser uma atriz difícil. Diagnosticada com tuberculose crônica na metade da década de 1940, Vivien se tornou uma pessoa enfraquecida a partir de então. Ela e Laurence Olivier se divorciaram em 1960; a partir daí, Vivien Leigh continuou a trabalhar esporadicamente no cinema e no teatro até sua morte súbita por tuberculose.

Primeiros anos

Vivien Leigh nasceu Vivian Mary Hartley em 5 de novembro de 1913 na cidade de Darjeeling, à sombra do Monte Everest, na Índia; Vivian chegara no final da era de ouro do Império Britânico. Vinda de uma família burguesa inglesa, seu pai, Ernest Hartley, era agente de câmbio e, paralelamente, atuava no teatro amador. No fim da Primeira Guerra Mundial, ele levou a família de volta à Inglaterra. Aos 6 anos de idade, sua mãe, Gertrude, decidiu interná-la no Convento do Sagrado Coração, ainda que ela fosse dois anos mais nova que qualquer outra aluna. O único conforto para a criança solitária era um gato que vagava pelo pátio do convento, e que as freiras a deixaram levar para o dormitório. Sua primeira e melhor amiga na escola era uma menina de 8 anos, que mais tarde também se tornaria estrela: Maureen O'Sullivan, que viera da Irlanda. Na quietude do convento, as duas brincavam de recriar os lugares que haviam deixado, e imaginavam como seriam os que desejavam visitar. Lá, ela se destacou na dança, no violoncelo e nas peças de final de ano.

De 1927 a 1932, ela se juntou aos pais na Europa. Os Hartley haviam deixado definitivamente a Índia, onde Vivian nascera. Ela aprendeu a falar fluentemente o francês e o alemão, além de fazer um curso de dicção. Em 1932, aos 18 anos, entrou na Academia Real de Artes Dramáticas de Londres; surpreendentemente, no entanto, ela saiu no outono do mesmo ano, quando decidiu se casar. Vivian conhecera e se apaixonara pelo jovem advogado Hebert Leigh Holman, de 31 anos, e os dois se casaram em 20 de dezembro de 1932. Logo em seguida, em 1933, nasceu Suzanne Holman, a filha do casal. Depois, retornou à Academia Real de Artes Dramáticas de Londres para concluir seus estudos e se tornar uma atriz.

Década de 30
Primeiros trabalhos
Vivian fez teste e foi escolhida para um pequeno papel num filme chamado Things Are Looking Up (1935). Embora o papel fosse pequeno, chamou a atenção de um empresário, John Glidden, do qual ela se tornou cliente. Depois, no mesmo ano, veio um filme barato: The Village Squire. John Glidden também criou um nome artístico para Vivian, usando o primeiro nome dela e um sobrenome do marido. Pouco depois, o produtor Sidney Carroll sugeriu que a letra "a", nome Vivian, fosse substituído por uma letra "e", para dar mais feminilidade.

Vivien Leigh estreou nos palcos de Londres interpretando a esposa namoradeira em The Green Sash. A carreira dela deu uma guinada quando ela protagonizou a produção de Sidney Carroll da peça The Mask Of Virtue. A peça, que estreou em 15 de maio de 1935 foi um estrondoso sucesso e, quase da noite para o dia, Viv se tornou o assunto de Londres.

Início do sucesso

Os elogios da crítica a Viv, unidos a sua incomparável beleza, chamaram a atenção do produtor Alexander Korda, que a contratou por 5 anos. Antes de filmar o primeiro filme do contrato, Viv conseguiu aperecer em mais três peças. Em 1937, Korda estava preparado para trabalhar com sua revelação no filme Fogo sobre a Inglaterra, um filme sobre a rainha Elizabeth I na época da Armada Espanhola. Viv estava entusiasmada com o filme e especialmente contente porque iria trabalhar com Laurence Olivier, um ator que ela e seu marido conheciam socialmente. Laurence Olivier e Vivien Leigh ficaram íntimos demais durante a filmagem, e restava pouca dúvida de que os dois estavam apaixonados. No mesmo ano, ao atuarem juntos na peça Hamlet, no Castelo de Elseneur, local da tragédia de Shakespeare, o sucesso foi enorme, a ponto do príncipe da Dinamarca vir vê-los. Depois disso, os jovens amantes perceberam que havia chegado a hora de falar a seus respectivos consortes do seu amor, e que queriam se divorciar para se casar. Viv deixou definitivamente seu marido e foi morar com Olivier, deixando a educação de sua filha, Suzanne, por conta de sua mãe.

Em seguida, eles filmaram Três Semanas de Loucura, mas o filme foi considerado bobo e nem chegou a ser lançado (só o foi em 1940, quando ambos se tornaram estrelas).

Para o próximo filme, Alexander Korda emprestou Vivien a MGM (Metro Goldwin Mayer) para estrelar a produção inglesa Um Ianque em Oxford (1938), com Robert Taylor, então no auge da popularidade. O entusiasmo inicial de Viv tornou-se em decepção quando ela soube que não interpretaria a protagonista, que acabou ficando para Maureen O'Sullivan, sua ex-coleguinha de escola.

"Scarlett O'Hara", o auge
Em 1938, Laurence Olivier foi contratado para interpretar Heathcliff na produção de Samuel Goldwyn O Morro dos Ventos Uivantes (1939). Ele desejava que Viv interpretasse seu par-romântico no filme, que acabou com Merle Oberon. Mais tarde, Viv decidiu que precisava vê-lo, e partiu a bordo do Queen Mary. Dizem que, durante a viagem, ela ficava na cabine, lendo o livro E o Vento Levou, de Margaret Mitchell. Viv não só estava ansiosa para rever seu amado Olivier, mas também planejava conquistar o papel de Scarlett O'Hara, a protagonista do filme E o Vento Levou, de 1939.

Pelo que se sabe, Vivien Leigh queria interpretar Scarlett havia muito tempo. O livro de Hugo Vickers, Vivien Leigh publicado em 1988, fala do que houve durante a produção de um filme na Inglaterra, em 1937: "Alguém disse a Laurence Olivier: 'Larry, você daria um ótimo Rhett Butler' (o par-romântico da protagonista de E o vento levou, que acabou sendo interpretado por Clark Gable). Ele apenas riu, mas a discussão sobre o elenco prosseguiu, e Vivien causou um silêncio repentino ao dizer: 'Larry não será Rhett Butler, mas eu serei Scarlett O'Hara. Esperem e verão' ." Isso era, no mínimo, muito curioso, uma vez que ela era uma total desconhecida na América e na época, havia muita divergência sobre quem deveria interpretar Scarlett. A escolha de sua intérprete de fascinou o mundo. Centenas de mulheres fizeram testes, algumas desconhecidas e amadoras, de setembro de 1936 até dezembro de 1938, entre elas Tallulah Bankhead, Paulette Goddard, Jean Arthur, Joan Bennett, Lana Turner e Susan Hayward. O produtor do filme, David O. Selznick, sempre preferia achar uma atriz novata, algum rosto novo que não fosse identificado por papéis anteriores. Atrizes bastante famosas que estiveram cotadas, mas que por várias razões não fizeram o teste, incluem estrelas da época, como Margaret Sullavan, Miriam Hopkins, Joan Crawford, Norma Shearer, Loretta Young, Bette Davis e Katharine Hepburn.

Viv dizia que o livro era maravilhoso e que daria um ótimo filme. Ouviram-na até dizendo: "Eu me escolhi como Scarlett O'Hara. O que acha?". Está claro que Viv falava tanto de Scarlett na esperança que alguém da Selznick International Pictures registrasse seu interesse e investigasse o caso. Em seu livro de 1989, Vivien a love affair in camera o famoso fotógrafo Angus McBean escreveu sobre ela, quem fotografara em inúmeras ocasiões, durante 30 anos. McBean relatou que em 1936 ele foi convidado a levar umas fotos até a casa dela em Londres. Nesse trecho, ela diz: "São maravilhosas (as fotos), Angus, querido. Como eu queria (interpretar Scarlett). Você leu o livro? 'Que livro?' E O VENTO LEVOU, claro. é a minha Bíblia. E vou interpretar Scarlett nem que seja a última coisa que eu faça. Você não leu? precisa ler." E ela lhe deu uma cópia do livro, com esta dedicatória: "Ao querido Angus, com amor. Scarlett O'Hara".

Em 1941 David O. Selznick (o produtor de E o vento levou) escreveu um artigo para uma revista, que dizia: "Antes que meu irmão, Myron Selznick, o maior empresário de Hollywood, levasse Laurence Olivier e Vivien Leigh para ver a cena do incêndio de Atlanta, eu nunca vira Vivien. Quando Myron nos apresentou, as chamas iluminavam o rosto dela, e ele disse: 'Quero apresentar Scarlett O'Hara'. Naquele momento, tive certeza de que era a atriz perfeita, pelo menos fisicamente". Mais tarde, os testes, feitos sobre a brilhante direção de George Kukor, mostraram que ela também "estraçalhava" no papel.

Depois de várias pré-estréias de gala em dezembro de 1939, E O Vento Levou tornou-se o filme mais famoso, mais assistido e mais aclamado da História, e Vivien Leigh, interpretando Scarlett, foi força motriz dele. O clássico ganhou o impressionante número de 10 prêmios Oscar (incluindo o de melhor filme e, também, o primeiro Oscar dado a uma atriz afro-americana, Hattie McDaniel). Foi aí que Viv ganhou o primeiro de seus dois Oscars de melhor atriz.

Década de 40
Durante a guerra
Depois do estrondoso sucesso de E o Vento Levou, Viv protagonizou o filme A Ponte de Waterloo (1940), da MGM. No mesmo ano, ela e Laurence [Olivier] fizeram Lady Hamilton, a Divina Dama , o filme preferido do famoso primeiro-ministro Winston Churchill. Durante essa filmagem, souberam que seus respectivos divórcios tinham saído, (mas o ex-marido de Viv ficou com a guarda da filha, Suzanne). Com isso, ela e Laurence finalmente casaram-se numa cerimônia íntima em Santa Barbara, no dia 31 de agosto de 1940.

Depois de aparecer numa montagem de The Doctor's Dilemma, Viv fez turnê pelo norte da África para animar as tropas na Segunda Guerra. Ela e Olivier montaram em Londres The Skin Of Our Teeth, de Thornton Wilder, dirigida por Olivier e estrelada por Leigh. A peça foi um estrondoso sucesso mas, três meses após a estreia, Leigh recebeu um diagnóstico de tuberculose e foi obrigada a parar o trabalho e ficar covalescente por oito meses. A saúde de Leigh, sempre frágil, continuou ruim nos anos seguintes.

Sucesso contínuo
Em 1947, Laurence Olivier foi sagrado cavaleiro e o casal passou a ser Sir e Lady Olivier; os dois tornam-se o casal mais popular da Grã Bretanha, depois dos Windsors.

Em 1949, Viv obteve o papel que só ficaria atrás de Scarlett: o de Blanche DuBois na montagem londrina de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. A peça foi dirigida por Laurence Olivier e Vivien Leigh foi coberta de elogios por seu desempenho como a frágil bela do sul.

Década de 50

"Blanche DuBois"
Quando a Warner anunciou a versão filmada de Um bonde chamado desejo, Uma Rua Chamada Pecado (1951), pensou-se em Olivia de Havilland (com quem Viv havia contracenado em E o Vento Levou) para o papel principal. Mas, ofereceram a Viv, que recebeu cem mil dólares, tornando-se a atriz inglesa mais bem-paga da época.

Viv e Laurence não iam a Hollywood há quase dez anos, e a chegada deles no outono de 1950 despertou entusiasmo no ramo. Ele também ia fazer um filme lá: Perdição por Amor, de William Wyler, que já o dirigira antes em O Morro dos Ventos Uivantes.

Vivien Leigh teve um desempenho magnífico em Uma Rua Chamada Pecado e, por isso, foi recompensada com seu segundo Oscar de melhor atriz, mas seu trunfo teve um preço alto; ela diria depois: "Blanche DuBois é uma mulher da qual tudo foi arrancado, uma figura trágica e eu a entendo, mas interpretá-la me fez mergulhar na loucura."

Problemas de saúde
Vivien Leigh e Laurence Olivier trabalharam nas peças César e Cleópatra e Antônio e Cleópatra em noites alternadas, para o Festival da Grã Bretanha de 1951. Naquela época, a vida de Vivien estava mudando. Ela, que sofria de tuberculose, também sobreu dois abortos, e foi diagnosticada como maníaco-depressiva. Contudo, o público ainda a amava. Como o ritmo alucinado de trabalho era excessivo, Viv começou a cair em longos períodos de depressão. De fato, ela teve de se afastar do trabalho durante boa parte de 1952. Sua volta ao trabalho, no filme No Caminho dos Elefantes (1953), só piorou as coisas: Viv teve um colapso no set, e precisou ser substituída por Elizabeth Taylor. Em seguida, começaram os boatos sobre a situação de seu casamento com Olivier.

Década de 60
Últimos anos

Em 1960 os boatos sobre a situação do casamento de Vivien Leigh e Laurence Olivier se confirmaram quando ele a abandonou para ficar com a comediante Joan Plowright, 22 anos mais nova do que ele. Ela pediu o divórcio por adultério, que foi concedido a 2 de dezembro de 1960. Depois disso, nunca mais se casou.

Em 1963, Viv ganhou um Tony por seu desempenho na comédia musical Tovarich. No ano seguinte, ela voltou a Hollywood para viver outra sulista no filme A Nau dos Insensatos (1965).

Em outubro de 1964, ela retornou pela primeira vez à Índia, desde que saíra ainda criança. Ela visitou sua filha, Suzanne.

Morte
Vivien Leigh ensaiava A Delicate Balance, de Edward Albee, em Londres, quando teve uma recaída (causada pela tuberculose que a atormentava havia décadas) e morreu, em 7 de julho de 1967, aos 53 anos quando, além de sua filha, ainda viviam sua mãe e avó. Na época, ela estava morando com o ator John Merivale.

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