terça-feira, 11 de maio de 2010

LUCHINO VISCONTI (1906-1976)


Don Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, (Milão, 2 de novembro de 1906 — Roma, 17 de março de 1976), descendente da nobre família milanesa dos Visconti, foi um dos mais importantes directores de cinema italianos.

Biografìa

Filho de Giuseppe Visconti, o duque de Grazzano, e de Carla Erba (proprietária e herdeira de uma célebre empresa farmacêutica), Luchino tinha mais seis irmãos. Prestou o serviço militar como sub-oficial de cavalaria em 1926, no Piemonte e viveu os anos de sua juventude cuidando dos cavalos de sua propriedade. Além disso, frequentou activamente o mundo da lírica e do melodrama, que tanto o influenciou.

Foi para a França onde se tornou amigo de Coco Chanel e através dela, em 1936, foi apresentado ao cineasta Jean Renoir com quem trabalhou no filme Une partie de campagne. Em 1937 passou por Hollywood antes de retornar a Roma. Na capital italiana ele trabalhou com Renoir na direcção de La Tosca.

A partir de 1940 ligou-se aos intelectuais que faziam o jornal Cinema e vendeu jóias da família para realizar seu primeiro filme, Obsessão, em 1943, com Clara Calamai e Massimo Girotti. No fim da Segunda Guerra Mundial realizou o segundo filme, o documentário Giorni di Gloria. Contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar três filmes sobre pescadores, mineiros e camponeses da Sicília, acabou por fazer apenas um, A Terra Treme.

Em 1951 filma Belíssima com a grande actriz italiana Anna Magnani, Walter Chiari e Alessandro Blasetti. O primeiro filme colorido foi em 1954, Sedução da Carne com Alida Valli e Farley Granger. O primeiro grande prémio da crítica chega em 1957, quando ele recebe o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza pela fita Le notti bianche, uma transposição delicada e poética de uma história de Dostoievski com Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais.

O primeiro êxito de bilheteira viria em 1960 com Rocco e seus Irmãos, a saga de uma humilde família de calabreses que emigrava para Milão. Foi o filme que consagrou o actor francês Alain Delon ao lado de Annie Girardot e Renato Salvatori. No ano seguinte junta se a Vittorio De Sica, Federico Fellini e Mario Monicelli na fita de episódios Boccaccio '70. O episódio de Visconti é protagonizado por Tomas Milian, Romy Schneider, Romolo Valli e Paolo Stoppa.

Em 1963 dirige o seu maior sucesso comercial e um dos filmes mais elogiados pela crítica, o grandioso O Leopardo, filme com três horas de duração e extraído do romance homónimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, que conta a história da transição da nobreza para o populismo, na Sicília nos tempos da unificação italiana. O filme tem um elenco estelar onde destacam Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.

Vagas Estrelas da Ursa, um mergulho inquieto e melancólico na capacidade dos seres sensíveis para se destruirem amorosamente, com Claudia Cardinale e Jean Sorel, realizado em 1965 foi a obra seguinte. Em 1970 ele conhece o fracasso de uma obra sua, com O Estrangeiro, extraído do livro homônimo de Albert Camus e realiza também Os Deuses Malditos que lançou o actor Helmut Berger.

Com o sensível e refinado Morte em Veneza (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de Thomas Mann, ele volta a se encontrar com o sucesso de público e de crítica. O filme conta a história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai passar férias em Veneza, e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que iniciaria a sua completa destruição. O filme faz uma abordagem do conceito filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo a importância da juventude nas nossas vidas. O filme seguinte foi o grandioso, mas decepcionante, Ludwig com Helmut Berger e Romy Schneider. Durante as filmagens de Ludwig ele sofre um ataque cardíaco que o prendeu a uma cadeira de rodas até a sua morte, em 1976.

Mesmo com muita dificuldade, Luchino Visconti ainda faz dois filmes, Violência e Paixão e L'innocente, sua derradeira obra, versão do romance de Gabriele d'Annunzio que registra brilhantes interpretações de Giancarlo Giannini e Laura Antonelli. Morre na primavera de 1976 na sua residência na cidade de Roma.

Filmografia

Obsessão (1943),
A Terra Treme (1948),
Belíssima (1951),
Siamo Donne, episódio Anna Magnani (1953),
Sedução da Carne (1954)
Le notti bianche (1957)
Rocco e seus irmãos (1960)
Boccaccio '70, episódio Il lavoro (1961)
O Leopardo (1963)
Vaghe stelle dell'Orsa... (1965)
As Bruxas, episódio: La strega bruciata viva (1966)
O Estrangeiro (1967)
Os Deuses Malditos (1969)
Morte em Veneza (1971)
Ludwig (1973)
Violência e Paixão (1974)
L'innocente (1976)
[editar] Documentários
Giorni di gloria (1945)
Appunti su un fatto di cronaca, episódio de Documento mensile n. 2 (1951)
Alla ricerca di Tadzio (1970)

Teatrografìa

Parenti terribili de Jean Cocteau (1945)
Quinta colonna de Ernest Hemingway (1945)
La macchina da scrivere de Jean Cocteau (1945)
Antigone de Jean Anouilh (1945)
A porte chiuse de Jean-Paul Sartre (1945)
Adamo de Marcel Achard (1945)
La via del tabacco de John Kirkland (de Erskine Caldwell) (1945)
Il matrimonio de Figaro de Pierre Augustin Caron De Beaumarchais (1946)
Delitto e castigo de Gaston Bary (de Fedor Michajlovic Dostoevskij) (1946)
Zoo de vetro de Tennessee Williams (1946)
Euridece de Jean Anouilh (1947)
Rosalinda o Come vi piace de William Shakespeare (1948)
Un tram che si chiama desiderio de Tennessee Williams (1949)
Oreste de Vittorio Alfieri (1949)
Troilo e Clessidra de William Shakespeare (1949)
Morte de un commesso viaggiatore de Arthur Miller (1951)
Un tram che si chiama desiderio de Tennessee Williams (1951)
Il seduttore de Deego Fabbri (1951)
La locandeera de Carlo Goldoni (1952)
Tre sorelle de Anton Cechov (1952)
Il tabacco fa male de Anton Cechov (1953)
Medea de Euripide (1953)
Come le foglie de Giuseppe Giacosa (1954)
Il Crogiuolo de Arthur Miller (1955)
Zio Vania de Anton Cechov (1955)
Contessina Giulia de August Strindberg (1957)
L'impresario de Smirne de Carlo Goldoni (1957)
Uno sguardo dal ponte de Arthur Miller (1958)
Immagini e tempi de Eleonora Duse (1958)
Veglia la mia casa, angelo de Ketti Frings (de Thomas Wolfe) (1958)
Deux sur la balançoire de William Gibson (1958)
I ragazzi della signora Gibbons de Will Glickman e Joseph Stein (1958)
Figli d'arte de Deego Fabbri (1959)
L'Arialda de Giovanni Testori (1960)
Dommage qu'elle soit une p... de John Ford (1961)
Il tredecesimo albero de André Gide (1963)
Après la chute de Arthur Miller (1965)
Il giardeno dei ciliegi de Anton Cechov (1965)
Egmont de Wolfgang Goethe (1967)
La monaca de Monza de Giovanni Testori (1967)
L'inserzione de Natalia Ginzburg (1969)
Tanto tempo fa de Harold Pinter (1973)

Direção de óperas

La vestale de Gaspare Spontini (1954)
La sonnambula de Vincenzo Bellini (1955
La Traviata de Giuseppe Verdi (1955)
Anna Bolena de Gaetano Donizetti (1957)
Ifigenia in Tauride de Christoph Willibald Gluck(1957)
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1958)
Macbeth de Giuseppe Verdi (1958)
Il Duca d'Alba de Gaetano Donizetti (1959)
Salomé de Richard Strauss (1961)
Il diavolo in giardino de Franco Mannino sobre um libretto do mesmo Visconti, Filippo Sanjust e Enrico Medeoli (1963)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1963)
Le nozze de Figaro de Wolfgang Amadeus Mozart (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964), deverso allestimento
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1965)
Falstaff de Giuseppe Verdi (1966)
Der Rosenkavalier de Richard Strauss (1966)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1967)
Simon Boccanegra de Giuseppe Verdi (1969)
Manon Lescaut de Giacomo Puccini (1973)

Prêmios

Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, por " La Caduta degli dei" (1969).
Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Diretor, por " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou 2 vezes o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960) e " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, por " Il Gattopardo " (1963).
Ganhou o Prêmio do 25º Aniversário no Festival de Cannes, por " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por " Vaghe stelle dell'Orsa..." (1965).
Ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza, por " Le Notti bianche " (1957).
Ganhou o Prêmio Especial no Festival de Veneza, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960).
Ganhou o Prêmio FIPRESCI no Festival de Veneza, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960).

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